quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Cadê o biodiesel
Mas seja lá o que for, cadê o vamos-que-vamos, para o desenvolvimento da cana-de-açúcar? Cadê o estímulo ao plantio da mamona e as demais culturas oleaginosas? Por isso é por muita mais não dá para acreditar nos arranca-rabos do governo. Pelo contrário, as terras, antes plantadas com a cana-de-açúcar estão sendo abandonadas e estado de devolutas.
Vivi nos tempos do Brasil vegetal, quando eram valorizadas as sementes oleaginosas como: a oiticica, a mamona ou a carrapateira, amendoim, girassol, gergelim, linho - que era extraída o óleo de linhaça -, tinha até uma empresa especializada na extraçãode óleo, chamada Brasil Oiticica, enfim, tantas plantas que muito bem poderiam ser englobadas nesse processo para produzir o manifestado óleo vegetal.
As coisas neste país deviam ser levadas mais a sério. E não ficar na de que, palavras são palavras, nada mais que palavras, e ficar o dito, pelo não dito.
A produção do álcool é a saída, isso é óbvio e latente, mas como a preferência do governo é pelo blá-blá-blá, a coisa fica parada e em estado de espera ou como se diz hoje, em stand-by. ( Editor Luiz José dos Santos
Trem atrasado
As obras, que se arrastam, vão engolir R$ 20 milhões do dinheiro público, enquanto o Cariri padece e reclama com a falta de um sistema de saúde eficiente que venha suprir o mínimo das necessidades básicas na prevenção e tratamento das doenças habituais.
O “Trem do Cariri”, como já reportamos, se for para atender Crato e Juazeiro, no vai-e-vem diário é um grande desperdício. Tal qual a conquista do inútil, como uma chegada ao topo do monte Everest, não serve para nada. Mas se o percurso for estendido até Iguatu, ai sim, a serventia será evidenciada.
O traçado apresentado pelo técnico Rômulo dos Santos mostra que o trem tem paradas distantes uma da outra e em Juazeiro o fim da linha fica longe do centro da cidade.
No entanto o idéia fixa, de que tem que ser assim, vai perdurar até que o governador Cid Gomes veja na prática que é inviável esse trajeto e que seu trem, tido como modelo para o Brasil, tem que ir até Iguatu sob pena de trafegar sem passageiros.
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
sábado, 22 de dezembro de 2007
Gripe dana
Para muita gente a vacina resolve, mas também tem um percentual significativo que foi vacinado e continua gripado. No meu caso acho que a vacina inoculou em mim todos os tipos de vírus e viroses. Nessas horas, eu fico imaginando o passado que tinha doenças piores. Grupe, catapora, varíola, sarampo, coqueluche e tantas outras que quando não matava deixava seqüelas, no mínimo manchas na pele. As casas eram modestas, mas tinham uma grande vantagem: em volta do fogão, toda a família ficava reunida curtindo o calor dos velhos fogões de lenha que aqueciam o ambiente, corpo, corações e mentes. Ele foi, literalmente, substituído pelas roupas e os agasalhos que não existiam. Ali também eram servidos os chás e mesinhas para curar os defluxos que abatiam qualquer um.
Lenha de madeira de lei como aroeira, angico e sabiá, chegou a ser usado em determinado tempo para aquecer e também usada como combustível para as locomotivas marias-fumaças, que tinham extremas dificuldades de vencer as íngremes ladeiras da via férrea. Nos terreiros das casas havia montes da melhor lenha de boa combustão que chegava a avermelhar a chapa dos fogões.
Quando crianças, no meu tempo, tinham acessos de tosse de perder a respiração, e os pais, acudiam desesperadamente levantando e sacudiam seus filhos para cima a busca de um pouco de ar. As crianças ficavam roxas e quase que asfixiadas. Passado o acesso voltava-mos à tonalidade normal. Mas a felicidade durava pouca. Principalmente à noite, os sintomas voltavam com força redobrada e era triste, muito triste, ver as mães fazendo chás e acudindo os filhos nessa longa doença que parecia que nunca tinha fim.
Recomendavam dieta com leite de jumenta para a coqueluche. Não havia antibióticos, e tudo se resumia a muita reza, solicitação de graças aos santos e santas.
O chá com mel, agrião e malva do reino estava presente em todas nas casas. Poucas eram as alternativas para combater as doenças. Quando vejo essa mudança radical, com farmácias em tudo o que é rua e esquina, mas mesmo assim a gripe e os resfriados nos desmoralizam. Revejo o passado e fico pensando como é que conseguimos sobreviver com todas essas dificuldades e carências? E tem gente que se queixa ainda. (Luiz José)
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Lembranças
e tive medo de perder alguém especial ( e acabei perdendo)
Já gritei e pulei de tanta felicidade
Já vivi de amor e fiz muitas juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"
Já abracei pra proteger, Já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei. (Açarg)
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
O maior avião do mundo
O avião deverá permanecer em São Paulo até amanhã à tarde. Algumas pessoas que viram o A380 mostraram-se admiradas com o progresso da aviação, ao chegar à produção de um aparelho do tamanho deste produzido pela Airbus, com turbinas Rolls-Royce. Quem visita o interior da aeronave fica admirado com as cabines individuais para passageiros da primeira classe e com o espaço interno, com computadores pessoais e outras comodidades.
O avião gigante, que fez o seu vôo inaugural no final de Abril, foi a estrela da Paris Air Show, feira no campo aéreo de Le Bourget, nos arredores de Paris (França).
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Pena de Morte
Morte por enforcamento. Patíbulo devidamente decorado. Cordas “no jeito”, laço já no contorno do pescoço do infeliz cristão.
A praça repleta de gente. De gente curiosa. Buliçosa. Nervosa. Platéia enorme, mas caladíssima. No ar, uma pesada sensação de tragédia. De morte! Postado ao lado do desditoso réu, o carrasco. Hirto. Ereto, como que pregado ao chão. Estático. Ali, tal qual estátua viva. Silente. Sombrio. Tenebroso autômato escondido por detrás de uma tenebrosa máscara negra!
Eis que se aproxima, enfim, o momento angustioso e crucial do cumprimento da pena.
Os sons cortantes da corneta abalam terrivelmente os nervos da massa ignara. Rufam os tambores!... A platéia agora solta um grande e abafado gemido. Uma ruidosa interjeição de espanto, um combinado de apreensão e pavor. Uma avalanche de vozes imprecisas e em surdina.
Rufam novamente os tambores! O réu se estremece!
Tensão. A platéia se mexe, se agita mais e mais. Murmura bastante. Em meio à aglomeração, o burburinho se intensifica. O riso e o choro se misturam. Há os que batem palmas e gritam impropérios. Só poucos permanecem como se indiferentes. Alguns se benzem. Outros rogam pragas. Muitos rezam, contritos..
De retorno, chega o capelão... Traz um enorme crucifixo de metal dourado, que - seguro por ambas as mãos - exibe ao povo, girando-o 180 graus, repetidamente, direcionando-o com lentidão para facilitar a visão de todos em cada canto da praça.
O religioso chegou sisudo, sombrio. No cadafalso, dirige-se mais uma vez ao sentenciado (pois já lhe ouvira, há pouco, o pedido do último desejo). Veio trazendo a resposta à última súplica condenado. Agora o padre está de volta para, enfim, comunicar-lhe a notícia. E, sem cerimônia, o religioso não se faz de rogado: vai logo, de chofre, dizendo ao desgraçado réu:
- Meu filho, conforte-se!... Infelizmente não foi possível atender a sua súplica derradeira, o seu último desejo. O seu pedido de atendimento da sua última vontade... foi negado pelo tribunal... Assim, meu irmão, profundamente pesaroso, comunico-lhe que não será viável enforcar, no seu lugar, o seu advogado de defesa...
E foi aí que o capelão piscou o olho pro Máscara Negra... (Escreveu Manoel Patrício de Aquino)
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
São anunciadas melhoras do reitor Plácido e seu breve retorno à Urca
Em sua ausência a vice-reitora professora Otonite Cortez (foto abaixo) e os pro - reitores deram continuidade ao projeto traçado pela equipe do professor Plácido, constituído para organizar a Urca por estes dois anos.
No momento um clima de ansiedade envolve a Universidade do Cariri e paira uma expectativa com o breve retorno do reitor onde lhe aguarda um plano de moderação no trabalho, prudência e comedimento, evitando excessos, qualidade característica do veterano professor Plácido Cidade Nuvens.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
A riqueza líquida
O ISA – Instituto Socioambiental, responsável pelos estudos, detectou que existem exageros como em Porto Velho que desperdiça 78% de seu sistema de água. O tolerável como média é uma perda em torno de 15% a 20%. No Japão a média da perda é 4%.
Os pesquisadores constataram que no Brasil o consumo médio é de 150 litros diários por pessoa, acima dos 110 litros recomendados pelos estudos da ONU – Organização das Nações Unidas. A maioria das capitais brasileiras registra que o consumo médio é de 220 litros diário por habitante.
Volta aqui o velho jargão: “è bom o brasileiro ter mais cuidado com o gasto de água. A fonte pode secar e o povo ter que pagar muito mais pelo custo da água.”
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Gazeta de Notícias - versão impressa - 10 anos de desafios
Um filme documentário da Cidade Princesa
É evidente que este trabalho, de 20h de filmagens, que resultou em 28 minutos, tem o direito autoral reservado ao seu produtor, pelo que é recomendada a não pirataria.
É meta nossa estar sempre com um suplemento em CD ou DVD na Gazeta de Notícias, mas sempre procurando divulgar as coisas da região.
A seguir vamos sair com um CD de Célio Silva, um cantor cratense que morreu na década de 1960, que tinha uma voz maravilhosa, tipo Fracisco Alves... AGUARDEM
domingo, 25 de novembro de 2007
Uma foto cobiçada
sábado, 24 de novembro de 2007
Prefeito quer alterar letra do Hino Nacional
O prefeito colocou à disposição dos internautas no site (www.alteracaodohinonacional.com.br) a versão original do hino e a versão alterada, cantada por Almir Coelho. Depois, é possível votar se concorda ou não com a alteração.
Após a votação, o prefeito pretende elaborar um projeto que será encaminhado à Câmara dos Deputados. (postada por Luiz José dos Santos)
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Ler e entender o Hino Nacional Brasileiro
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Esse pedacinho do Hino, ou estrofe, quer dizer:
As margens serenas e tranqüilas do riacho
Ipiranga ouviram o grito, forte como um trovão,
de um povo heróico, o povo brasileiro. E, nesse instante,
o sol da Liberdade brilhou intensamente no céu da Pátria.
O nosso Hino começa fazendo-nos lembrar de quando D. Pedro I declarou, com um famoso grito, a independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Aí os versos significam:
Se nós, brasileiros, conseguimos conquistar com
braços fortes a garantia de que o Brasil fosse um País
livre como outras nações, da mesma forma estamos dispostos
a defender sua independência, até mesmo expondo
o peito à própria morte.
Como você sabe, o Brasil era, até a vinda de D. João VI, colônia de Portugal, e, mesmo depois de declarada a nossa independência, tropas portuguesas ainda tentaram fazer com que fosse restabelecido o antigo regime colonial. Mas as forças brasileiras derrotaram as portuguesas com braço forte.
Ó Pátria amada,
Idolatrada
Salve! Salve!
Ó Pátria amada, adorada, Viva! Viva!
O Salve! Salve! E o Viva! Viva! São uma saudação, um cumprimento.
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Brasil, se a imagem do Cruzeiro do Sul brilha muito
em teu céu tão limpo e risonho, um sonho intenso, um
raio cheio de energia, de amor e de esperança, desce à terra.
O Cruzeiro do Sul é uma constelação maravilhosa, um conjunto de estrelas em forma de cruz, que só pode ser visto no hemisfério Sul. Isso também é motivo de orgulho para os brasileiros, que podem avistá-lo de quase todo nosso território, sendo essa uma das diferenças mais marcantes entre o céu de Portugal e do Brasil.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza
Brasil, és belo, és forte, colosso que não tem medo,
gigante pela própria natureza,
e o teu futuro reflete toda essa grandeza.
Como você sabe, o Brasil é o quinto maior país do mundo; seu território, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, é repleto de riquezas; e nosso povo é maravilhoso. Então, o futuro grandioso de nossa Pátria foi aí comparado ao tamanho do seu território.
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Brasil, ó Pátria amada, entre outras mil terras somente
tu és nossa terra adorada!
Entre outros muitos países, somente tu és nosso País!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Brasil, Pátria amada, tu és a mãe gentil
dos filhos deste solo, de todos os brasileiros.
Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Deitado eternamente em um admirável berço (seu território),
ao som do mar e à luz do céu profundo, ó Brasil, tu és a jóia
preciosa e brilhante da América, iluminada ao sol do Novo Mundo!
O Brasil, por ser um país tropical, um dos mais ensolarados do mundo, possui em seu território uma incrível abundância e diversidade de vida, tanto vegetal quanto animal.
Nossas matas, florestas e animais são maravilhosos, assim como nossas praias e mares. Por isso, o nosso País é considerado uma jóia brilhante e preciosa.
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Essa estrofe quer dizer:
Brasil, teus risonhos e lindos campos têm
mais flores do que a terra mais vistosa, do mesmo
modo que nossos bosques têm mais vida do que outros bosques,
e a nossa vida, protegida por ti e aconchegada ao teu seio,
tem mais amores.
Mais uma vez o Hino está falando de nossas riquezas. E, realmente, como nossos bosques são bonitos! Como nossas matas são maravilhosas! E as nossas flores, então, que cores!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!
De novo!
Ó Pátria amada, adorada, Viva! Viva!
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.
Brasil, que esta bandeira sagrada, estrelada,
exibida por ti, seja símbolo de amor eterno, com seu verde
e amarelo dizendo, significando: paz no futuro e glória no passado.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Esses versos parecem complicados, mas a explicação é fácil:
Mas, se o uso da força for necessário para que se faça justiça,
Brasil, tu verás que os teus filhos, que te adoram, não fugirão
da luta, não temendo nem mesmo a própria morte.
Esse trecho do hino fala do uso da força, de uma clava. Clava é uma espécie de arma antiga, como um bastão daqueles usados pelos homens das cavernas.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Brasil, Pátria amada, tu és a mãe gentil
dos filhos deste solo, de todos os brasileiros.
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
Mais uma vez! Terra adorada! Brasil, Brasil!
Brasil, ó Pátria amada, entre outras mil terras
somente tu és nossa terra adorada! Entre outros
muitos países, somente tu és nosso País!
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Houve, em tempos que já vão longe, um rei poderoso, senhor de muitos povos e de muitas léguas de terras. Ainda que viajasse sem cessar por muitos e muitos anos a fio, não conseguiria ele correr todo os seus domínios. E todos os povos o temiam, porque era conhecida de todo mundo a fama de suas riquezas.De mês em mês, chegavam ao seu palácio os emissários dos súditos, trazendo-lhe, com a homenagem deles, os presentes riquíssimos: marfim e pérolas, ouro e diamantes, sedas e rebanhos.E os seus celeiros estavam tão abundantemente providos de grãos, que ele poderia, numa época de fome geral, abrindo-os a todos os seus vassalos, que não tinham conta, alimentá-los fartamente durante todo um ano.Esse poder sem limites e essa riqueza sem termo, haviam embriagado a alma do velho rei. Já não se supunha homem, mas Deus. Tanta gente vinha a seus pés, adorando-o, que o seu coração habituara-se a desprezar a humanidade, imaginado que ela só fora feita para o servir e temer. Só se lembrava dos súditos para os oprimir. Aumentava os impostos e alargava as prisões. E sua mão direita, que tanta gente podia fazer feliz, distribuindo esmolas e bênçãos, somente servia para assinar sentenças de morte. Condenava à pena última cem homens sem ler ao menos seus nomes.E, se os lia, esquecia-os daí a um minuto, para só pensar a febre das festas e de loucuras, em que empregava as noites e os dias, e em que perdia a saúde e a alma.E sucediam-se as festas. Do escurecer ao alvorecer, seu palácio, imenso como uma cidade, suntuoso como um templo, resplandecente de luzes como um céu estrelado, ecoava com o barulho das danças, da música e do tinir dos copos.Um dia, no esplêndido terraço em que costumava dormir a sesta, o velho rei tinha diante de si uma lista de acusados. Não sabia nem queria saber quem eram, se eram inocentes ou criminosos, se tinham cometido alguma falta, ou se eram apenas homens ricos, cuja fortuna os seus ministros cobiçavam. E preparava-se para, com indiferença, assinar a lista, quando se deteve a olhar um momento o filho mais moço, que brincava junto dele. Era um principezinho louro e branco, de olhos azuis e inocentes como os de um anjo. Ajoelhado sobre o mosaico precioso, que ladrilhava o terraço, estava inclinado para um aquário, e divertia-se vendo dentro dele os peixes dourados que nadavam. O velho rei, com o sorriso que lhe iluminava as barbas, ficou mirando com amor a criança, tão bela e tão casta, filha do seu sangue, e da sua alma. E tinha, esquecida na mão, a pena fatal, de cujo bico pendia a vida de tantos homens... De repente, o principezinho teve uma exclamação aflita. O rei viu curvar-se mais sobre o aquário, e manter na água as mãozinhas ansiosas. E a criança veio para ele, segurando com as pontas dos dedos alguma coisa que se não via, de tão pequena que era.- Olha, Pai! Salvei-a! ia afogar-se... salvei-a! O velho rei curvou-se para ver o que o filho trazia na mão. Era uma mosca feia, negra, pequenina, miserável, nojenta. Tinha as asas molhadas e não podia voar. O principezinho colocou-a na palma da mão, microscópica, e virou-se para o lado do sol. Daí a pouco a mosca reanimou-se e voou. A criança batia palmas:- Não fiz bem, Pai? Não é um crime deixar morrer uma criatura, qualquer por falta de piedade, Pai? Disseram-me que há homens que se matam uns aos outros... Pai? Como é que se pode ter a maldade de matar um homem?E o principezinho fixava no velho rei os seus olhos azuis e inocentes como os de um anjo.Nessa tarde o velho rei não assinou nenhuma sentença de morte.
NOTA DA EDITORIA: A publicação do texto: O Velho Rei, precioso conto literário de Olavo Bilac, nesta Gazeta de Notícias, é um tributo - in memoriam - ao inesquecível colega, da saudosa Escola Senai de Cedro (1960), Nilson Moreira Siqueira, que juntos a noite sob a luz de uma velha lamparina, tivemos que analisar cada palavra do texto para uma urgente tarefa de português do austero diretor Doutor Geraldo Lino Braga de Carvalho. O Velho Rei ficou detalhadamente gravado em nossas memórias. Nilson morreu prematuramente em um acidente automobilístico em Fortaleza. (Luiz José dos Santos)
terça-feira, 20 de novembro de 2007
O pé de oiticica
A oiticica foi descrita pelo escritor e médico João Otaviano Lobo, figura notável nas letras, na medicina e no serviço público. Nascido em Santa Quitéria no Norte do Estado nos idos de 1892. Morreu em 1962 deixando significativos trabalhos intelectuais e de medicina.
A Oiticica
Na coroa dos rios, esgalhada em ramos pesados, a oiticica é uma tenda suspensa, no azul.
Uma fartura de sombras.
Entre suas folhagens, o vento cicia cochichos de reza.
As lianas, os cipós se lhe enroscam ao trono, à fronde e desfiam com lágrimas de vela.
Parece uma nódoa verde da inundação da luz.
Debaixo de sua copa, malham bois dormentes, cabritos de orelhas acesas, cordeiros enjeitados. Às vezes, rasga a monotonia da penumbra e clareia luminosa de uma rede. É a sesta de alguns arrieiros fatigado do caminho...
Em torno, a caatinga se desenha tão sem vida, de garranchos ressequidos, como uma flora esquisita de raízes para cima!
O sol tine. O ar treme.
Os mandacarus, de pé, ardem ao sol, na chama de seus frutos vermelhos.
E a cigarra – garganta metálica – estridula tão alto, como aviso de válvula no mormaço do sertão.
Cor de tijolo, um gavião espia de cima de um galho seco de aroeira, trágico e só.
Depois vem o crepúsculo enfeitando de cores e a noite, de crepe.
Se alguém, rompendo o escuro, passa debaixo de alguma oiticica, sente arrepios de medo, pavor de visagem e assombrações de almas do outro mundo.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Falta sal no Brasil
"Vós, disse Cristo Redentor Nosso. Falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chamo-lhes sal da terra, porque quero que façam o que fez o sal. A efeito do sal é impedir a corrução, mas quando a terra se vê tão corruta como está a nossa, havendo tantos nela que tem ofício do sal, qual será ou pode ser a causa dessa corrução? Ou é porque o sal não salga ou porque a terra se não deixa salgar."
E continua o clássico da nossa língua a apontar os males que estavam corrompendo a terra e quais os que deviam fazer a vez do sal impedindo a corrução.
Os que deviam fazer ofício de sal no Brasil de hoje combatendo a degradação em que estão se abismando os poderes públicos são os representantes do povo, mas estes, com raras, raríssimas exceções, estão cuidando mais de seus próprios interesses, no jogo estratégico das mudanças de partido e outros jogos mais indecorosos ainda, os quais lhes asseguram a continuidade nos rendosos postos de comando e de representação.
Promovem-se CPIs e mais CPIs que apuram todas as falcatruas, bem como os seus autores, tudo afinal, sem a necessária correção. E a impunidade é a geratriz da continuidade criminosa...
Certo deputado não se envergonhou de declarar a imprensa, diante da acusação que se lhes fazia de desonestidade, que se quisesse roubar falo-ia no seu estado e não em Brasília, onde a "concorrência", acrescentou, é muito maior. Isto significa dizer que a Capital Federal situa-se o maior antro de corrução.
Onde encontrar o sal para essa podridão?
Dolorosa interrogação.
E esta degenerescência vem de longe, pois o velho Rui Barbosa já dizia:
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.
Escreveu Raimundo de Oliveira Borges
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Lula vai engolir a todos
Explode no país a fantástica descoberta de um mega-poço de petróleo em águas profundas, sete mil metros de profundidade, de exploração caríssima e vazão ainda a ser confirmada, na bacia de Santos - no campo Tupi. “O Brasil está agora em igualdade petrolífera com os paises da Opep – Organização dos Paises Exportadores de Petróleo”. Quer dizer: vão surgir muitos magnatas, rajás, xeiques e marajás, essa mega-gente, arquimi-lionária “das Arábias”. Nunca os dividendos desse petróleo chegarão às mãos do povo. Há bem pouco se disse que o Brasil estava auto-suficiente em petróleo, mas essa auto-suficiência não melhorou uma vírgula no bolso ou no tanque do carro da gente.
Não é fácil acreditar nessa bravata do presidente Lula! Principalmente agora nessa crise do gás. Alias! Lula vem perdendo as estribeiras e falando demais para quem está presidente da República. Falta-lhe a postura de estadista. Se a imprensa, os jornalistas não se cuidarem ele vai pisar e engolir todos, quem sabe, fechar estações de TV e deletar (não é mais empastelar) jornais e revistas! O presidente, em suas entrevistas para a imprensa brasileira, quer se mostrar o dono da verdade, acima do bem e do mal, e olha para os repórteres de cima para baixo, com desdém e ar de muita superioridade. Ai daquele jornalista que perguntar alguma coisa que cause dificuldades à resposta. Seu olhar ácido e de censura recai sobre o repórter como o de um ditador austero, com vontade de chutar e mandar prender.